14 de maio de 2008

Ciúme patológico




Até que ponto o ciúme pode ser considerado normal?
Por Eda Fagundes • 08/01/2007

Costumamos dizer que quem ama tem ciúme e que, portanto o ciúme é uma demonstração do amor, do bem querer, do cuidar. Convivemos com essa idéia e com esse sentimento praticamente desde que nos entendemos como gente e raramente paramos para pensar que muitas vezes essa normalidade desaparece completamente e que deixa lugar para o aparecimento do ciúme patológico.

É comum a presença do ciúme na relação dos pais com os filhos, entre irmãos, entre amigos. Dentro dos padrões de normalidade, é um temperinho a mais na vida das pessoas e, de modo algum, provoca danos à qualidade das relações. O problema começa quando esse doloroso sentimento excede o razoável e domina as pessoas, aí sim provocando grandes danos às relações e muitas vezes gerando violência verbal, física e até homicídios passionais.

O ciumento patológico passa grande parte do tempo com pensamentos obsessivos, o tempo inteiro convivendo com a quase certeza de que está sendo traído, enganado, passado para trás.


O verbete ciúme está definido no dicionário como: sentimento doloroso causado pela suspeita de infidelidade da pessoa amada, zelo; angústia provocada por sentimento exacerbado de posse. Esse é exatamente o ciúme patológico. Este precisa ser detectado e tratado. Dificilmente quem é tomado por este mal consegue se libertar sem ajuda profissional e, embora muitas vezes, ridicularizadas, essas pessoas sofrem terrivelmente e têm suas vidas completamente conturbadas.

O ciumento patológico passa grande parte do tempo com pensamentos obsessivos, o tempo inteiro convivendo com a quase certeza de que está sendo traído, enganado, passado para trás. No fundo essas pessoas não conseguem acreditar que podem ser amadas e mesmo que estejam sendo, vivem como se não estivessem, logo, vão ser trocadas a qualquer momento.

Transformam-se em detetives eficientes e perdem completamente o senso de privacidade e respeito ao parceiro/a. Fuçam carteiras, celulares, computadores, telefonam demasiadamente tentando controlar os passos do outro e, o que é pior, ainda que nada encontrem, continuam sofrendo e tendo certeza de que a qualquer momento vão descobrir alguma coisa. Desenvolvem uma percepção distorcida dos fatos e têm certeza de que viram e ouviram o que não necessariamente existiu. Olhares, troca de bilhetes e, pasmem, julgam serem capazes de adivinhar os pensamentos, muitas vezes afirmando terem certeza de que seus parceiros/as estão desejando outras pessoas.

O sofrimento é agudo e argumentos racionais parecem insuficientes para neutralizar essa dor ou mesmo amenizá-la. As causas precisam ser encontradas e geralmente tem relação com níveis muito baixos de auto-aceitação, desenvolvimento deficiente de amor próprio. É preciso compreender que o foco do ciumento patológico é sempre o outro e seu comportamento. Perde-se tempo indo nessa direção. O foco precisa ser quem está sofrendo desse mal.

Por que tenho sempre a sensação de que meu amor encontrará alguém melhor do que eu e vai me trocar? Por que não consigo perceber e acreditar que outras pessoas podem me amar? Por que me admiro e me amo tão pouco? Essas são algumas indagações que todos que estão vivendo esse drama devem se fazer incessantemente. Parem de pensar no comportamento dos parceiros/as e passem a tentar responder essas perguntas até que as respostas sejam encontradas.

ATENÇÃO!!!

Infelizmente, mas comumente , essas pessoas acabam realmente sendo traídas e aí confirmam suas hipóteses e partem para outra relação com a doença ainda mais solidificada. Isso acontece exatamente porque a autodesvalorização e as brigas constantes levam à falência o sentimento amoroso.

Aquelas velhas máximas, cantadas em verso e prosa, que sempre ouvimos , fazem todo o sentido.

Não podemos ser amados se não nos amamos.
Não podemos ser respeitados se não nos respeitamos.
Não podemos ser valorizados se não nos valorizamos.

Logo, se estão sofrendo desse mal,não percam tempo. Busquem ajuda rápido. O amor não é um sentimento incondicional.

Até a próxima!

Eda Fagundes é psicóloga clínica com longa experiência nos tratamentos de casal, família e transtornos da sexualidade.

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